A Economia Circular veio para ficar e, apesar de ser necessário abraçar vários desafios, há inúmeras oportunidades, como a geração de inovações sustentáveis, emprego e sinergias.
Os atuais padrões de consumo e as alterações climáticas exigem encontrar, em conjunto, soluções que possam ser uma alternativa à tradicional economia linear. O ponto de partida passa por desenvolver novas abordagens que convergem num sistema em torno do conceito de circularidade.
As alterações necessárias nos modelos de produção e nos padrões de consumo só podem ser conseguidas através da Economia Circular, que tem um óbvio impacto na mitigação do aquecimento global. O problema está identificado, mas persiste a falta de alternativas ao modelo em que se baseia o nosso dia-a-dia. O poder político, as instituições públicas e privadas, a academia e todos nós, individualmente, temos muito mais do que uma palavra a dizer para promover uma melhor perceção e a materialização de ações concretas rumo a uma plena Economia Circular.
A Comissão Europeia (CE) quer fazer da sustentabilidade norma nos produtos em circulação na União Europeia (UE) e quer que os recursos sejam mantidos, através da sua reutilização, o “máximo de tempo possível” na economia comunitária. O recém-lançado Plano de Ação para a Economia Circular faz parte da Estratégia Industrial da UE e traz medidas que visam o aumento do tempo de vida útil dos produtos, e que pretendem “empoderar” os consumidores, consagrando “um verdadeiro direito a reparar”.
O plano agora adotado pela CE é um dos pilares do novo Pacto Ecológico Europeu e pretende inscrever na legislação uma Política de Sustentabilidade de Produto. O objetivo passa por assegurar que os produtos inseridos no mercado da UE são desenhados para durar mais, são mais fáceis de reutilizar, reparar e reciclar. Um dos grandes objetivos do plano passa pela incorporação de tantos materiais reciclados quanto possível. Frans Timmermans, vice-presidente executivo para o Pacto Ecológico Europeu, considera que o cumprimento da meta que prevê que a UE alcance a neutralidade carbónica em 2050 “requer uma verdadeira economia circular”. “Hoje, a nossa economia é ainda maioritariamente linear”, afirma, avisando que “apenas 12%” dos materiais secundários e dos recursos são incorporados novamente na economia. As medidas previstas no plano devem agora ser vertidas para a legislação e têm precisamente o objetivo de alterar esta realidade, devendo a utilização de materiais reciclados passar a ser incorporada nos processos produtivos, “tanto quanto possível”.
Estão previstas, entre as medidas anunciadas, restrições aos produtos de utilização única, vulgarmente conhecidos como descartáveis, mas também o combate à obsolescência programada e a proibição da destruição de bens não vendidos.